Antes tarde do que
nunca! Apesar de já terem se passado aproximadamente 1 mês e meio do show do
Paul McCartney, vou dividir com vocês a experiência fantástica que vivenciei
neste dia tão especial para mim, e milhares de fãs!
Tudo começou por um convite. Aproximadamente dois meses antes do fabuloso
show do Paul McCartney fui surpreendida com o melhor presente que poderia
ganhar: o ingresso do espetáculo! A surpresa foi tão grande que fiquei sem
reação, mal pude dar um obrigado á altura do presente. Depois é claro, agradeci
como podia, ou seja, ficarei em débito pelo resto da minha vida. Os dias iam
passando, os preparativos a mil, mas eu mal sabia o que estava por vir. E o que
eu não parava de pensar era: vou ao show de um Beatle! Pois bem, assim que
faltava uma semana para a grande noite, eu estava extremamente ansiosa, comecei
a perder o sono por ficar tempo demais deitada pensando em como seria a
fantástica experiência, o que eu deveria levar, o que eu deveria comer, etc...
Ah! E quem me deu essa passagem para a felicidade? No dia em que ganhei era
apenas um amigo, no dia seguinte meu namorado, o lindo do Matheus.
O local que assistimos o show foi em Belo Horizonte (MG), primeiro local
da turnê “Out There!” daquele velhinho simpático. Passagem do dia 3 para o dia
4 de maio de 2013 não dormi coisa alguma, consegui me desligar um pouco das
2h30min da madrugada para acordar ás 4 da manhã. O despertador tocou e nada de
preguiça ou “apertar o soneca”, fui direto para o banho na maior animação! Tudo
estava pronto, mas mesmo assim conferi minha mochila no mínimo umas 10 vezes
antes de sair, até notar que já estava em cima da hora (caso contrário, acho
que estaria conferindo a mochila até agora). Eu e o Matheus fomos os últimos a
entrar na caravana do rock, popularmente conhecido como micro-ônibus, com um
atraso tolerável de 10 minutos. Sim, as 5h10min já estavam todos prontos,
sentados em seus lugares, apenas a nossa espera (galera bem pontual). O motor
roncou, a emoção era cada vez maior, e assim partimos rumo a grande BH.
Saída pontual, chegada pontual: as 11h00min estávamos próximo ao estádio
Mineirão, com um motorista aparentemente não costumado a rodar em cidade
grande, fato perceptível pela quantidade de buzinadas que levamos dos carros da
galera da capital. Ele deu uma “voltinha” desnecessária, até que acabou por
estacionar no primeiro restaurante avistado por nós lá perto, com prazo máximo
de meia hora para não comer, e sim, engolir o almoço. Macarrão goela abaixo,
dentes brilhando, e claro, tinha que ter alguém que não estava no ônibus. O
casal atrasou suave meia hora, mas tudo bem, foram retribuídos com uma
“simpática” salva de palmas pelos outros companheiros de viagem, assim que
chegaram esbaforidos.
O motorista nos deixou em frente ao estádio aonde pegávamos os ingressos
e a definição pra essa hora até o momento do show é: fila! Até que não demorou
muito a retirada, mas depois desorientados orientadores nos fizeram dar a volta
no Mineirão até que achamos a fila do local correto: pista! A fila já contava
com cerca de 70 pessoas a nossa frente e por sorte, ainda conseguimos o final
da sarjeta para sentar, no sol. Já eram 13h30min e faltavam nada menos que 3
horas e meia para que abrissem os portões. O jeito foi sentar, conversar, puxar
papo com as gaúchas que riram bastante do sotaque mineiro propositalmente
exagerado do Matheus e do Augusto (este é o amigo do Matheus). Não foi tão
desconfortável como pensei que seria, o pessoal deitava no chão, sentava,
levantava,dividiam a sombra, tudo sem muita frescura. O único problema é que
não tinha banheiro! Poderia ser tranquilo se eu não tivesse me esquecido de
fazer aquele “xixi” na hora do almoço, graças á correria. Bom, paciência! (E
muita, depois de tomar bastante água). 17h15min abriram os portões, começou o
desespero, a correria do pessoal a nossa frente, gente tentando furar fila (e
muita gente), mas foram vaiados e impedidos de entrar. Logo em seguida mais uma
paradinha, e outra fila. Aguardamos mais meia hora até que começou a ser solta
leva de pessoas, o que provocou muita vaia da fila em que não estava na vez de
ser liberada. Doce ilusão, nossa leva foi solta, demos uma acelerada no passo
e: outra fila. Mais espera! Essa sim demorou, mais de hora! 18h30min começaram
a soltar mais grupos e agora sim, essa era a ultima! Quase na nossa vez, ouço
uma das seguranças/organizadoras do evento gritar: “Não pode entrar com
comida”! E eu lá, com dois pacotes de salgadinho. As barras de cereal o Matheus
“socou” no bolso, sim porque a primeira impressão é de que elas não caberiam
ali, com tanta coisa que já tinha: câmera, celular, meu batom, carteira,
documentos, etc. Santo foi o bolso do Matheus, não carreguei praticamente nada!
Só mesmo a câmera, depois que entramos. Mas, voltando aos salgadinhos, o jeito
foi abrir os pacotes, pegar aquela mãozada, enfiar tudo na boca, e ir pedindo
para a galera pegar um e passar o que sobrou para trás. Já se foram os
salgadinhos!
Chegou a nossa
vez. Detector de metais? Passei, óbvio. Reencontrei-os lá dentro, voltamos
aqueles passos acelerados, um pouco mais de correria e finalmente, um banheiro!
Nunca senti tanto prazer ao ver aquele quadradinho azul, paradinho, um banheiro
químico, só me esperando. Ah, alívio! Fotos rápidas, copo de água com 200 ml
por R$6,00. Sim, eu disse SEIS reais. Bom, quem esta na chuva é para se molhar,
e quem esta no Mineirão é para gastar. Nem paguei essa água, inclusive, ainda
devo uma água de 6 “conto” para o Matheus até hoje, e não faço a menor ideia de
aonde posso encontrar uma dessas, e nesse preço (ainda bem). Com apenas três
fileiras imaginárias de pessoas a nossa frente, ficamos quase encostados na
grade, um lugar ótimo, dava para ver o palco todo, o Paul...tudo! Essa hora foi
tensa! Ainda faltavam mais ou menos 2 horas para o show começar e acabei
sentando no chão, junto com quase todo mundo, apesar de ficar em posição muito
desconfortável. Era dor nas pernas, nas costas, não tinha como se endireitar. O
tempo foi passando, o show marcado para as 21:30 e, as 21:00 começaram a passar
os “slides” do espetáculo no telão. Pulei do chão e esqueci todo o cansaço e as
dores nas quais eu estava sentindo. Não contei, mas há grandes chances de eu
ter tirado mais fotos do telão de abertura do que do show, por pura empolgação.
21h23min Paul
McCartney entra no palco, ele se adiantou, e ai faltou ar! A plateia foi á
loucura, dava para sentir o chão vibrar de tantos pulos. Era muita energia,
muitos gritos e eu não fiquei de fora. Pulei, gritei e me descabelei como uma
louca, não parava nenhum pouquinho. Dava para ouvir meu coração bater na
passagem de uma musica para outra de tão alto que batia (mas não). "Eight days a week” emendada com “Junior´s Farm” foram as musicas que iniciaram a
noite fantástica, e assim que meus pulos já estavam ficando em um ritmo
controlado, veio “All My Loving” me levando novamente ao descontrole eufórico,
nunca tinha sentido emoção como esta antes! Depois da magnífica apresentação,
Paul McCartney conversou com a plateia afirmando que iria tentar falar mais
português, e depois finalmente disse: UAI! O publico delirou, e provavelmente
ele também. Não imagino e os outros lugares em que o Paul se apresentou fora tão bem recebido como em BH.
É claro que os “Beatles” são um fenômeno mundial, mas, realmente não acho que
nada se compara aquela noite.
Paul mandou musicas dos Beatles, musicas do seu novo disco, musicas dos
Wings; é variou bastante. Mas claro que os melhores momentos ainda foram
durante as clássicas! Foi quando cantou “Blackbird” que pude notar o quanto
aquele era um momento mágico e especial. O telão ao fundo fez um jogo de
imagens sensacionais enquanto o local em que ele estava no palco levantava, foi
a parte mais linda! O céu sem estrelas dava a impressão de ser um ambiente
qualquer, enquanto milhares de luzinhas dos celulares iluminaram todo o estádio
causando a sensação de que por um único instante, a terra e o céu inverteram
seus lugares. A mesma sensação foi com “Let it Be”e outras lentinhas. E quando
tocou Mrs Vanderbilt, do Wings? Por mais estranho que pareça eu não conhecia essa
musica, mas na hora do “O EO O EO” o pessoal empolgou muito, e eu entrei no
mesmo ritmo. Ao final dessa musica todos continuaram cantando, e o velhinho
teve que voltar ao pedacinho dessa canção para acompanhar o povão.
Quanto às
homenagens! Passei a vangloriar “My Valentine”, musica do seu novo álbum composta
para a sua atual esposa. Quanto a “Maybe I´m Amazed”, homenagem feita a Linda,
não precisa nem dizer que foi um momento especial e muito tocante para todos!
Empolgante a animado, fez a plateia pirar novamente voltando ao primeiro bis
com “Day Tripper”, e eu, que não sabia a letra dessa clássica por inteira,
fiquei gritando sons enrolados quando não me lembrava de algum trecho.
(hahaha). Foi legal, garanto que ninguém notou. E quanto a John Lennon? Essa
sim foi uma das partes mais profundas e fascinantes, que me deixou com o
coração apertado, e foi como se eu fosse o próprio Paul sentindo falta do amigo
John. “Something” para George Harrisson também foi sensacional, um dos sons que
todos cantaram com muita vontade, e eu disse muita!Não da para esquecer também daquelas filhas da mãe sortudas! As meninas que começaram com a petição no Facebook “Paul vem falar UAI” foram
chamadas ao palco, ganharam autógrafos, e claro, um abraço da simpatia em
pessoa. Ah que inveja! Mas tudo bem, elas choravam tanto que duvido que
conseguiram enxergar nitidamente a imagem do McCartney, pois era muita lágrima
tapando a visão (esse é um daqueles argumentos que você utiliza para enganar a
si mesmo). Quanto aos fogos de artifícios, foi outro momento quase
inexplicável. O ápice de tudo aquilo que eu estava sentindo, a parte mais
lembrada do show. Explodi de felicidade junto com todos aqueles foguetes.
Finalmente, foi tocado “Golden Slumbers/Carry That Weight/The End” e Paul foi embora, deixando
muita alegria, satisfação e saudade de um momento único e inesquecível.
Assim que
terminou o show me veio à tona todo o cansaço que eu sentia. Talvez a maior dor
nas costas e na sola dos pés que eu já tenha sentindo, além da vontade imensa
de tomar um banho e lavar o meu cabelo, que neste momento, se encontrava em
estado lastimável. Bom, é claro que não tinha tempo e nem lugar para isso,
então voltamos todos para a caravana do rock, na companhia do motorista sem
noção e inexperiente que nos levou até o paraíso. Desci apenas na primeira
parada para tentar me reconstituir, na medida do possível. Logo em seguida,
dormi um sono pesado à viagem toda. Assim que acordei já estava perto do meu
ponto de descida, e eu parecia ter sido transportada de outro mundo, de outra
vida. Fica agora a lembrança do melhor presente que já ganhei, da melhor noite
que já tive, do melhor show que já assisti, e da melhor companhia que já
presenciei, pois sozinha nada disso teria graça.