domingo, 19 de maio de 2013

Conto de um fã: Paul McCartney


     Antes tarde do que nunca! Apesar de já terem se passado aproximadamente 1 mês e meio do show do Paul McCartney, vou dividir com vocês a experiência fantástica que vivenciei neste dia tão especial para mim, e milhares de fãs!   


     Tudo começou por um convite. Aproximadamente dois meses antes do fabuloso show do Paul McCartney fui surpreendida com o melhor presente que poderia ganhar: o ingresso do espetáculo! A surpresa foi tão grande que fiquei sem reação, mal pude dar um obrigado á altura do presente. Depois é claro, agradeci como podia, ou seja, ficarei em débito pelo resto da minha vida. Os dias iam passando, os preparativos a mil, mas eu mal sabia o que estava por vir. E o que eu não parava de pensar era: vou ao show de um Beatle! Pois bem, assim que faltava uma semana para a grande noite, eu estava extremamente ansiosa, comecei a perder o sono por ficar tempo demais deitada pensando em como seria a fantástica experiência, o que eu deveria levar, o que eu deveria comer, etc... Ah! E quem me deu essa passagem para a felicidade? No dia em que ganhei era apenas um amigo, no dia seguinte meu namorado, o lindo do Matheus.
     O local que assistimos o show foi em Belo Horizonte (MG), primeiro local da turnê “Out There!” daquele velhinho simpático. Passagem do dia 3 para o dia 4 de maio de 2013 não dormi coisa alguma, consegui me desligar um pouco das 2h30min da madrugada para acordar ás 4 da manhã. O despertador tocou e nada de preguiça ou “apertar o soneca”, fui direto para o banho na maior animação! Tudo estava pronto, mas mesmo assim conferi minha mochila no mínimo umas 10 vezes antes de sair, até notar que já estava em cima da hora (caso contrário, acho que estaria conferindo a mochila até agora). Eu e o Matheus fomos os últimos a entrar na caravana do rock, popularmente conhecido como micro-ônibus, com um atraso tolerável de 10 minutos. Sim, as 5h10min já estavam todos prontos, sentados em seus lugares, apenas a nossa espera (galera bem pontual). O motor roncou, a emoção era cada vez maior, e assim partimos rumo a grande BH.
     Saída pontual, chegada pontual: as 11h00min estávamos próximo ao estádio Mineirão, com um motorista aparentemente não costumado a rodar em cidade grande, fato perceptível pela quantidade de buzinadas que levamos dos carros da galera da capital. Ele deu uma “voltinha” desnecessária, até que acabou por estacionar no primeiro restaurante avistado por nós lá perto, com prazo máximo de meia hora para não comer, e sim, engolir o almoço. Macarrão goela abaixo, dentes brilhando, e claro, tinha que ter alguém que não estava no ônibus. O casal atrasou suave meia hora, mas tudo bem, foram retribuídos com uma “simpática” salva de palmas pelos outros companheiros de viagem, assim que chegaram esbaforidos.
     O motorista nos deixou em frente ao estádio aonde pegávamos os ingressos e a definição pra essa hora até o momento do show é: fila! Até que não demorou muito a retirada, mas depois desorientados orientadores nos fizeram dar a volta no Mineirão até que achamos a fila do local correto: pista! A fila já contava com cerca de 70 pessoas a nossa frente e por sorte, ainda conseguimos o final da sarjeta para sentar, no sol. Já eram 13h30min e faltavam nada menos que 3 horas e meia para que abrissem os portões. O jeito foi sentar, conversar, puxar papo com as gaúchas que riram bastante do sotaque mineiro propositalmente exagerado do Matheus e do Augusto (este é o amigo do Matheus). Não foi tão desconfortável como pensei que seria, o pessoal deitava no chão, sentava, levantava,dividiam a sombra, tudo sem muita frescura. O único problema é que não tinha banheiro! Poderia ser tranquilo se eu não tivesse me esquecido de fazer aquele “xixi” na hora do almoço, graças á correria. Bom, paciência! (E muita, depois de tomar bastante água). 17h15min abriram os portões, começou o desespero, a correria do pessoal a nossa frente, gente tentando furar fila (e muita gente), mas foram vaiados e impedidos de entrar. Logo em seguida mais uma paradinha, e outra fila. Aguardamos mais meia hora até que começou a ser solta leva de pessoas, o que provocou muita vaia da fila em que não estava na vez de ser liberada. Doce ilusão, nossa leva foi solta, demos uma acelerada no passo e: outra fila. Mais espera! Essa sim demorou, mais de hora! 18h30min começaram a soltar mais grupos e agora sim, essa era a ultima! Quase na nossa vez, ouço uma das seguranças/organizadoras do evento gritar: “Não pode entrar com comida”! E eu lá, com dois pacotes de salgadinho. As barras de cereal o Matheus “socou” no bolso, sim porque a primeira impressão é de que elas não caberiam ali, com tanta coisa que já tinha: câmera, celular, meu batom, carteira, documentos, etc. Santo foi o bolso do Matheus, não carreguei praticamente nada! Só mesmo a câmera, depois que entramos. Mas, voltando aos salgadinhos, o jeito foi abrir os pacotes, pegar aquela mãozada, enfiar tudo na boca, e ir pedindo para a galera pegar um e passar o que sobrou para trás. Já se foram os salgadinhos!



    Chegou a nossa vez. Detector de metais? Passei, óbvio. Reencontrei-os lá dentro, voltamos aqueles passos acelerados, um pouco mais de correria e finalmente, um banheiro! Nunca senti tanto prazer ao ver aquele quadradinho azul, paradinho, um banheiro químico, só me esperando. Ah, alívio! Fotos rápidas, copo de água com 200 ml por R$6,00. Sim, eu disse SEIS reais. Bom, quem esta na chuva é para se molhar, e quem esta no Mineirão é para gastar. Nem paguei essa água, inclusive, ainda devo uma água de 6 “conto” para o Matheus até hoje, e não faço a menor ideia de aonde posso encontrar uma dessas, e nesse preço (ainda bem). Com apenas três fileiras imaginárias de pessoas a nossa frente, ficamos quase encostados na grade, um lugar ótimo, dava para ver o palco todo, o Paul...tudo! Essa hora foi tensa! Ainda faltavam mais ou menos 2 horas para o show começar e acabei sentando no chão, junto com quase todo mundo, apesar de ficar em posição muito desconfortável. Era dor nas pernas, nas costas, não tinha como se endireitar. O tempo foi passando, o show marcado para as 21:30 e, as 21:00 começaram a passar os “slides” do espetáculo no telão. Pulei do chão e esqueci todo o cansaço e as dores nas quais eu estava sentindo. Não contei, mas há grandes chances de eu ter tirado mais fotos do telão de abertura do que do show, por pura empolgação.



     21h23min Paul McCartney entra no palco, ele se adiantou, e ai faltou ar! A plateia foi á loucura, dava para sentir o chão vibrar de tantos pulos. Era muita energia, muitos gritos e eu não fiquei de fora. Pulei, gritei e me descabelei como uma louca, não parava nenhum pouquinho. Dava para ouvir meu coração bater na passagem de uma musica para outra de tão alto que batia (mas não). "Eight days a week” emendada com “Junior´s Farm” foram as musicas que iniciaram a noite fantástica, e assim que meus pulos já estavam ficando em um ritmo controlado, veio “All My Loving” me levando novamente ao descontrole eufórico, nunca tinha sentido emoção como esta antes! Depois da magnífica apresentação, Paul McCartney conversou com a plateia afirmando que iria tentar falar mais português, e depois finalmente disse: UAI! O publico delirou, e provavelmente ele também. Não imagino e os outros lugares em que o Paul se apresentou fora tão bem recebido como em BH. É claro que os “Beatles” são um fenômeno mundial, mas, realmente não acho que nada se compara aquela noite. 
     Paul mandou musicas dos Beatles, musicas do seu novo disco, musicas dos Wings; é variou bastante. Mas claro que os melhores momentos ainda foram durante as clássicas! Foi quando cantou “Blackbird” que pude notar o quanto aquele era um momento mágico e especial. O telão ao fundo fez um jogo de imagens sensacionais enquanto o local em que ele estava no palco levantava, foi a parte mais linda! O céu sem estrelas dava a impressão de ser um ambiente qualquer, enquanto milhares de luzinhas dos celulares iluminaram todo o estádio causando a sensação de que por um único instante, a terra e o céu inverteram seus lugares. A mesma sensação foi com “Let it Be”e outras lentinhas. E quando tocou Mrs Vanderbilt, do Wings? Por mais estranho que pareça eu não conhecia essa musica, mas na hora do “O EO O EO” o pessoal empolgou muito, e eu entrei no mesmo ritmo. Ao final dessa musica todos continuaram cantando, e o velhinho teve que voltar ao pedacinho dessa canção para acompanhar o povão. 



     Quanto às homenagens! Passei a vangloriar “My Valentine”, musica do seu novo álbum composta para a sua atual esposa. Quanto a “Maybe I´m Amazed”, homenagem feita a Linda, não precisa nem dizer que foi um momento especial e muito tocante para todos! Empolgante a animado, fez a plateia pirar novamente voltando ao primeiro bis com “Day Tripper”, e eu, que não sabia a letra dessa clássica por inteira, fiquei gritando sons enrolados quando não me lembrava de algum trecho. (hahaha). Foi legal, garanto que ninguém notou. E quanto a John Lennon? Essa sim foi uma das partes mais profundas e fascinantes, que me deixou com o coração apertado, e foi como se eu fosse o próprio Paul sentindo falta do amigo John. “Something” para George Harrisson também foi sensacional, um dos sons que todos cantaram com muita vontade, e eu disse muita!Não da para esquecer também daquelas filhas da mãe sortudas! As meninas que começaram com a petição no Facebook “Paul vem falar UAI” foram chamadas ao palco, ganharam autógrafos, e claro, um abraço da simpatia em pessoa. Ah que inveja! Mas tudo bem, elas choravam tanto que duvido que conseguiram enxergar nitidamente a imagem do McCartney, pois era muita lágrima tapando a visão (esse é um daqueles argumentos que você utiliza para enganar a si mesmo). Quanto aos fogos de artifícios, foi outro momento quase inexplicável. O ápice de tudo aquilo que eu estava sentindo, a parte mais lembrada do show. Explodi de felicidade junto com todos aqueles foguetes. Finalmente, foi tocado “Golden Slumbers/Carry That Weight/The End” e Paul foi embora, deixando muita alegria, satisfação e saudade de um momento único e inesquecível.



     Assim que terminou o show me veio à tona todo o cansaço que eu sentia. Talvez a maior dor nas costas e na sola dos pés que eu já tenha sentindo, além da vontade imensa de tomar um banho e lavar o meu cabelo, que neste momento, se encontrava em estado lastimável. Bom, é claro que não tinha tempo e nem lugar para isso, então voltamos todos para a caravana do rock, na companhia do motorista sem noção e inexperiente que nos levou até o paraíso. Desci apenas na primeira parada para tentar me reconstituir, na medida do possível. Logo em seguida, dormi um sono pesado à viagem toda. Assim que acordei já estava perto do meu ponto de descida, e eu parecia ter sido transportada de outro mundo, de outra vida. Fica agora a lembrança do melhor presente que já ganhei, da melhor noite que já tive, do melhor show que já assisti, e da melhor companhia que já presenciei, pois sozinha nada disso teria graça. 







Maju!




2 comentários: